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Escrita Cuneiforme |
A escrita nasce da necessidade de traduzir para símbolos a linguagem oral. Esses símbolos são tão antigos quanto o homem pré-histórico.
No entanto, só com a civilização suméria é que esses símbolos se vão padronizar no que, apenas agora, se pode chamar de escrita. Os sumérios organizava-se em pequenas civilizações urbanas e nelas era necessário um controlo administrativo. Surgia, desta forma, a escrita cuneiforme, cunhada em placas de argila.
Esta escrita era, inicialmente, pictórica (os símbolos eram representações – desenhos – do que se queria transmitir, por exemplo, quando se pretendia transmitir a ideia “sol”, simplesmente desenhava-se um), só mais tarde é que evoluiu para uma espécie de alfabeto em que essas representações foram simplificadas e os mais de 2000 sinais diferentes foram reduzidos a cerca de 600.
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Hieróglifos egípcios |
Pelo seu carácter ideográfico (representação de ideias) pôde facilmente ser adaptada a outras regiões e línguas.
Algo que os egípcios poderiam ter feito caso não tivessem, quase simultaneamente, desenvolvido um sistema próprio, também pictórico mas muito mais complicado de decifrar – os hieróglifos (“escrita dos deuses”). Esta escrita era formada por três categorias de linguagem escrita:
· Pictogramas – desenhos que representavam coisas;
· Fonogramas – desenhos que significavam sons;
· Ideogramas – desenhos que representam ideias.
Embora as maiores representações desta escrita estejam gravadas na pedra, é com a civilização egípcia que surgem os primeiros livros, escritos em papel (papiro).
Mais tarde, com os comerciantes e marinheiros dar-se-á uma nova revolução na linguagem escrita: surge o sistema aramaico (de onde vai derivar o hebraico e o árabe) e fenício (antepassado do nosso alfabeto). Tratam-se de sistemas fonéticos, que por terem poucas letras eram de fácil aprendizagem que, em teoria, podiam ser adaptados a qualquer língua.
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Alfabeto jónico |
E foi exactamente isso que os gregos fizeram, importaram o alfabeto fenício ao qual adicionaram as suas próprias vogais – alfabeto jónico. Esse foi o grande contributo dos gregos, as vogais. Dos gregos, passou para o Etrusco e mais tarde foi adaptado pelos romanos à sua língua e fonética.
Inicialmente, as letras romanas escreviam-se sem acabamentos terminais, só com o aperfeiçoamento das ferramentas é que se desenvolveram as terminações – serifas. O maior contributo dos romanos foi o desenvolvimento da forma das letras, a sua estética e as relações recíprocas. Desenvolveram letras de pompa e circunstância mas também letras com formas condensadas (económicas) e até de grafia tosca (documentos redigidos à pressa).
Os estilos praticados pelos romanos eram:
· Capitalis Quadrata (versais cinzeladas em pedra, lápides..);
· Rustica;
· Cursiva (alongamento e compressão da Capitalis Quadrata, um género de letra apressada para escrever em qualquer suporte – foram as primeiras minúsculas);
· Uncial (evolução da Capitalis Quadrata, são versais com formas pronunciadamente redondas; era o mais requintado e elegante padrão das letras latinas).
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Capitalis Quadrata |
É directamente deste alfabeto que nasce o nosso.
Se olharmos à nossa volta, a tipografia está em todo o lado. Tradicionalmente associa-se tipografia a design gráfico, mas com o progresso tecnológico e acessibilidade universal de hoje em dia, tipografia já não é apenas o trabalho do tipógrafo.
A tipografia é a escrita à mão, impressa na máquina, na mensagem de texto, no e-mail, etc. As convenções tipográficas básicas são ensinadas na escola e veiculam alguns princípios elementares: o modo de desenhar e escrever letras com nitidez, de apresentar palavras, frases e parágrafos, dispor um texto numa folha, apresentar uma carta, endereçar um envelope, entre outros. No entanto tudo isto é muito básico, para conseguirmos passar uma mensagem, é necessário mais.
Qualquer actividade relacionada com a comunicação requer um meio de transmissão de ideias, meio que tem de ser entendido pelo receptor. É aqui que entra a semiótica: o estudo que abrange a totalidade da comunicação humana estruturada em todas as suas diversas formas e em todos os contextos. A semiótica tem um âmbito mais alargado do que qualquer outro método porque estuda o significado de todos os símbolos da sociedade (neste caso, a linguística, a retórica, a semântica, a grafologia...).
Se os signos que desenhamos se destinam a persuadir então temos de reconhecer as dimensões – social, moral e política – que qualquer projecto de design terá.
A tipografia utiliza todo um conjunto de elementos para o sucesso da mensagem pretendida. A linguística, que agrega toda uma comunidade, a retórica, discurso persuasivo, a semântica, forma como manipulamos a linguagem para que faça sentido, a grafologia, estudo do significado de cada símbolo, a legibilidade, grau de nitidez que permite distinguir caracteres individuais uns dos outros, facilidade de leitura, reconhecimento das palavras e funções dos espaços e pontuação, pontuação, marcação de ritmo e realce, manipulação de espaço, para, por exemplo, dividir o texto em segmentos com sentido, mudanças de linha não arbitrárias, por motivos linguísticos ou semânticos, entre muitas outras técnicas.